- Nota: Esta página é sobre o fato histórico ocorrido em 1500. Se procura outros significados da mesma expressão, consulte Descobrimento do Brasil (desambiguação).
O termo descoberta do Brasil se refere à chegada, no ano de 1500, da esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral ao território onde hoje se encontra o Brasil e a tomada de posse do território pelo reino de Portugal. Contudo, o termo "descoberta" não é bem aplicado, pois constitui uma visão eurocêntrica da História e desconsidera os muitos povos indigenas que viviam nas terras do atual Brasil.
A armada
Confirmando o sucesso da odisseia de Vasco da Gama, o rei D. Manuel I depressa se aprontou em mandar aparelhar uma nova frota para a 'Índia', desta feita bastante maior. A nova frota era composta por treze navios e mais de mil homens. Pela primeira vez liderava uma frota um fidalgo, Pedro Álvares Cabral, filho de Fernão Cabral, alcaide-mor de Belmonte.
Sabe-se que a armada levava mantimentos para dezoito meses. Pouco antes da partida, mandou el-Rei rezar uma missa, no Mosteiro de Belém, presidida pelo bispo de Ceuta, D. Diogo de Ortiz, onde benzeu uma bandeira com as armas do Reino e a entregou em mão a D. Pedro Álvares Cabral, despedindo-se pessoalmente o rei do fidalgo e dos restantes capitães.
Vasco da Gama teria tecido considerações e recomendações para a longa viagem que se chegava: a coordenação entre os navios era crucial para não se perderem uns dos outros, pelo que recomendou ao capitão-mor disparar os canhões duas vezes e esperar pela mesma resposta de todos os outros navios antes de mudar o curso ou velocidade (método de contagem ainda hoje utilizado em campo de batalha terrestre), entre outros códigos de comunicação semelhantes.
A viagem
Zarpava a grande frota de treze navios do Restelo a 8 de Março de 1500, com o objetivo formal de concluir relações comerciais com os portos índicos de Calecute, Cananor e Sofala, iniciadas na viagem de Vasco da Gama.
Pelo dia 14 do mesmo mês já se encontravam nas Canárias e no dia 22 chegavam a Cabo Verde. No dia seguinte desaparecia misteriosamente o navio de Vasco de Ataíde.
No dia 22 de Abril, acidente de percurso ou missão secreta de legitimação de posse, avistava-se «terra chã, com grandes arvoredos: ao monte». Ao grande monte, Pedro Álvares Cabral baptizou de Monte Pascoal e à terra deu o nome de Ilha da Vera Cruz — pensando ser uma ilha -, depois que descobriram ser um continente denominaram-na de Terra de Santa Cruz — hoje denominado Porto Seguro, no estado da Bahia. Aproveitando os alísios, a esquadra bordeja a costa baiana em direção ao norte, à procura de uma enseada, achada afinal pouco antes do pôr-do-sol do dia 24 de abril, em local que viria a ser denominado Baía Cabrália. Ali permaneceram até 2 de maio, quando rumaram para a Índia, cumprindo seu objetivo formal de viagem e deixando dois degredados e dois grumetes que desertaram. Estava iniciada a ocupação do Brasil por europeus.
A chegada em Vera Cruz
No dia 24 de Abril Cabral recebe os nativos no seu navio. Daí, acompanhado de Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia e Pero Vaz de Caminha, recebia o grupo de índios que reconheceram de imediata o ouro e prata que se fazia surgir no navio — nomeadamente um fio de ouro de D. Pedro e um castiçal de prata — indicando aos portugueses que ali havia destes metais.
O encontro entre portugueses e índios está muito bem documentado na famosa carta escrita por Pero Vaz de Caminha, escrivão a bordo. O choque cultural foi evidente. Os indígenas não reconheciam os animais que traziam os navegadores, à excepção de um papagaio que o capitão trazia consigo; ofereceram-lhes comida e vinho que os índios rejeitaram. O fascínio tocava-lhes pelos objectos não reconhecidos - como umas contas de rosário, e a surpresa dos portugueses pelos objectos reconhecidos - os metais preciosos.
Os indígenas começaram a tomar conhecimento da fé dos portugueses ao assistirem a Primeira Missa, rezada por Frei Henrique de Coimbra, em um domingo, 26 de abril de 1500. A cruz foi plantada no solo do novo domínio português, que recebera o nome de Ilha de Vera Cruz. Logo depois de realizada a missa, a frota de Cabral rumou para a Índia, seu objetivo final, mas enviou um dos navios de volta a Portugal com a carta de Pero Vaz de Caminha.
Os povos nativos
Quando do “achamento” do Brasil pelos portugueses, o litoral baiano estava ocupado por duas nações indígenas do grupo linguístico tupi: os Tupinambás, que ocupavam a faixa compreendida entre Camamu e a foz do Rio São Francisco, e os Tupiniquins, que se estendiam de Camamu até o limite com o atual Estado do Espírito Santo. Mais para o interior, ocupando faixa paralela àquela apropriada pelos Tupiniquins, estavam os Aimorés. Tais grupos dominavam aqueles territórios havia apenas dois séculos e, provavelmente, provinham do Alto Xingu, na Amazônia.
Polémica
No ano 2000 comemoraram-se os 500 anos do Descobrimento do Brasil, o que provocou muita polémica em redor da data. Para muitos, a comemoração implicaria que a história do Brasil completou quinhentos anos no ano 2000, uma perspectiva claramente eurocêntrica, pois parte do princípio de que apenas com a chegada da esquadra de Cabral teve início o processo histórico nas terras que hoje formam o Brasil.
Quem defende isto afirma-o porque ser de opinião que, por exemplo, Portugal tem (aproximadamente) 900 anos uma vez que o Reino de Portugal só se formou em 1143.[carece de fontes]
Isso é particularmente relevante do ponto de vista indígena, uma vez que os primeiros habitantes do território sofreram com a escravidão e mesmo as guerras de extermínios levadas a cabo pelos recém-chegados[carece de fontes], o que, junto com as doenças e processos de aculturação, levou ao desaparecimento de grande parte das tribos indígenas originais.
Outro fator polémico é a descoberta de que outros europeus teriam sido enviados ao Brasil em missões secretas antes mesmo da descoberta oficial, como por exemplo o português Duarte Pacheco Pereira,[carece de fontes] ou mesmo o espanhol Vicente Yáñez Pinzón.